Precisamos do direito de brincar

A Cia do Risco resgatou o direito e o prazer de brincar. Foto: Marcele Pontes.

No final do espetáculo de hoje avistamos uma menininha sozinha, brincando com seu ursinho: ela aproveitava o corrimão do mini anfiteatro do lado de fora do Sesc para servir de escorregador para o brinquedo, que teimava em parar no meio do caminho e não seguir o percurso inteiro. Mas ela não desistia.

A turma da Rua das Andorinhas custou a aprender o valor do ato de brincar.

Enquanto as crianças se deliciavam no meio de uma história contada de um jeito tão diferente num palco, com gente vestida do jeito delas, os adultos refletiam sobre seus valores e motivações, que talvez de alguma maneira tenham se perdido no caminho.

O Encontrarte não apenas gosta de crianças: nós acreditamos nelas. Algumas edições do passado tiveram oficinas com elas, mas infelizmente não pudemos manter o trabalho por falta de verba. Vontade não falta, mas no mundo chato dos adultos, nem só a vontade faz as coisas acontecerem.

Falamos tanto que as crianças são o futuro, que esquecemos que elas também são o presente: são reflexo de hoje da nossa sociedade amanhã.

Tempo bom aquele que a gente brincava de pique, soltava pipa e rodava um pião. A criançada destes tempos loucos que vivemos, cada vez mais parecendo com adultos, talvez não sintam o sabor desse nosso saudosismo. A turma das Andorinhas deu a dica: brinque mais.

Nosso primeiro espetáculo infantil no XII Encontrarte trouxe as famílias para o teatro. Foto: Marcele Pontes.
Nosso primeiro espetáculo infantil no XII Encontrarte trouxe as famílias para o teatro. Foto: Marcele Pontes.

Numa tarde de domingo nublado, enchemos um teatro Sesc com famílias e apaixonados por teatro. Era lindo ver aquela criançada toda saltitando, brincando o tempo todo, sem se preocupar com aparelhos eletrônicos.

E dava até uma sensação gostosa de dever cumprido ao ficar admirando uma menininha, feliz da vida, com o ursinho teimoso.